terça-feira, 29 de abril de 2014

Expo. MUECK, nunca é demais.


Ron Mueck, oriundo do mundo dos efeitos especiais [adoro]. Criatura de uma vertente, do realismo, que sempre ocupou um lugar controverso na história. As primeiras imagens que fugiam da exposição idealizada da beleza "esculpida em carrara" nunca agradaram como nos dias de hoje.


Se pauta na manipulação da escala perspética e seus efeitos, na reação dos espectadores. Querem abraçar/cuidar de um adulto estendido no chão apenas por conta de suas dimensões diminutas, mas uma escultura gigantesca de um menino de cócoras traz inquietude ao observador, acuado pela monumentalidade realista, tal qual a figura na obra de arte, acuada pelas suas dimensões descomunais.

Se utiliza de fotografias e modelos vivos, esculpe as maquetes em argila e parte após fazer os devidos cálculos para seu característico jogo com a escala e a perspectiva usando material  em metal resistente para as estruturas internas. Cobrindo parte a parte destas estruturas com bandagens ungidas em gesso, transforma as criaturas, ainda disformes no gesso, em figuras mais regulares de barro. Com todos os detalhes, como poros e rugas, prontos, protegendo a escultura de qualquer dano começa a preparar o molde dos corpos para a produção, enfim, do que será o produto final. Corpo de fibra de vidro e rosto de silicone, para ficar ainda mais realista, insere em cada face, olhos e pelos, um a um cuidadosamente.

Toda essa escultura pré-moldes, feita em barro, gesso e metal, é destruída. Curioso perceber o quanto essa etapa de "destruição" incomoda alguns amantes das artes, talvez devido ao desconhecimento de que o hiper realista não estaria, nunca, satisfeito com o meramente semelhante. Aquilo, mesmo incrível, pra ele é meio ainda muito longe do fim.

Lembei de Murakami e seu auto retrato posando como um buda sentado que usa das tecnologias e da cultura pop. É um grande objeto inflável que se expõe como um monumental buda ou uma esfinge. Em referência ao seu trabalho, Murakami espera que suas obras perdurem por mais de duzentos anos, "assim como as coisas do Louvre".

Murakami - "Ego"

O uso de novos materiais na produção de obras monumentais ou hiper realistas acompanham o desenvolvimento das tecnologias, acompanham nosso tempo, mas até que ponto eles serão considerados obras primas partindo do princípio de que a cada ano vemos produções mais e mais impactantes e realistas?

O que achei dessa expo, no Rio? Maravilhosa, muito pequena [rs parece piada mas são poucas as obras apresentadas, não sei a quantidade que se expõe normalmente mas..]. Durante o percurso me senti MUITO incomodada com a lotação e os mediadores inexpressivos diante dos visitantes EXTRA curiosos e seus dedinhos nervosos. Mas sabe, seria elitista demais da minha parte resolver esse "problema" minimizando o público ou falando que em outros lugares do mundo isso não aconteceria. Aconteceria sim. Vi imagens de outras expo de Mueck onde a curiosidade chega a ser perigosa para os mais preocupados com as peças. 

Enfim, superaram-se preconceitos centenários quanto ao realismo, escalou-se quase que abusivamente essa vitória tornando o objeto monumental e isso já é pra se comemorar. Então quem ainda não foi, vá.

Informações fornecidas pelo MAM:

Até que dia vai a exposição?
Até o dia 1º de junho de 2014.

Qual o horário de funcionamento para visitação?
O salão de exposições funciona de terça a sexta de 12h às 18h, a bilheteria fecha às 17h30. Sábados, domingos e feriados de 11h às 19h, a bilheteria fecha às 18h.

Quanto custa a entrada?
A entrada custa R$14,00 e aos domingos temos o ingresso família para 5 pessoas por esse preço.
Maiores de 60 anos e estudantes: R$7,00
Gratuidades: amigos do MAM, crianças até 12 anos e funcionários dos mantenedores e parceiros. 
Quartas após às 15h é gratuito, mediante senha, distribuída no mesmo dia a partir de 15h. Estão disponíveis 2000 senhas para cada quarta.

*Estão disponíveis para compras online, entradas INTEIRAS e MEIAS. O ingresso família só poderá ser adquirido no balcão e exclusivamente aos domingos.